Não convide o Covid

A epidemia que chegou a Portugal é o maior desafio feito à nossa comunidade como tal, a forma como soubermos respeitar as regras e conselhos das autoridades de saúde será a chave para enfrentar com menos danos esta catástrofe. Como tem sido repetido, só podemos vencer este vírus se cada um cumprir o seu papel e tomar as precauções necessárias. Ignorar essas recomendações é convidar o COVID-19 a entrar na nossa casa.
Ao contrário do que alguns palermas têm procurado fazer, este não é momento para aproveitamentos ou leituras ideológicas nem partidárias. Este não é o tempo de apontar os erros e “atrapalhar” as autoridades com as suas falhas que são inevitáveis e algumas delas compreensíveis. Mas, por outro lado, e aí também como comunidade responsável, isso não nos pode impedir de apelar à aprovações medidas que nos parecem óbvias, mas que não vemos implementadas, ou de propor este, ou aquele ajustamento a decisões já aprovadas. Esse é o papel de uma oposição construtiva. O PSD já declarou mais do que uma vez que apoia o Governo em todas as medidas aprovadas e fez sugestões que o Governo já aceitou.
A principal crítica que há para já a fazer à atuação do Governo é a hesitação em tomar determinadas medidas, ficando a sensação que acaba sempre por fazer, com algum atraso aquilo que parecia evidente e que até teria apoio popular. Foi assim com as escolas, com o encerramento de serviços públicos e parece ser o mesmo com a imposição de controlos nas fronteiras com Espanha. Ninguém percebe a hesitação de fazer um controlo mais apertado nos aeroportos. Adiar boas decisões é perder tempo. Isto parece-me óbvio.
Por outro lado, apesar da comoção generalizada, o país não poderá deixar de aprender com esta experiência e corrigir os erros que hoje nos parecem inaceitáveis. Portugal tem pés-de-barro em muitas áreas, pois não faz planeamento nem prevenção de um conjunto de situações que podem ser catastróficas. Não faz sentido que para dar resposta a uma epidemia que começou há três meses na China o país esteja agora a estudar, a planear, a fazer formação e fazer levantamentos de material. Pego em dois exemplos claros, a formação e o equipamento. Para reforçar a linha Saúde24 é preciso formar de imediato os enfermeiros que se voluntariaram e isso demora tempo. Mas se já sabíamos que este risco existia porque não se fez esse trabalho preventivamente? Porque não se começou antes a fazer essa formação para o caso de vir a ser necessário? ? Se não viesse a ser preciso esse reforço de pessoal, tanto melhor. Outro caso ridículo tem a ver com o equipamento. Faz sentido o Governo andar agora a contabilizar o número de ventiladores que há em hospitais públicos, privados e nos bombeiros? É quase no pico da crise que as autoridades andam a perder tempo com instrumentos que deveriam estar sempre atualizados. Isto parece ser tipicamente português e temos mesmo que mudar isso.
Seja como for, este não é o tempo do combate ou da divergência política. É o momento de atuar em comunidade, em conjunto e comum objetivo comum. Boa sorte ao Governo, às autoridades de saúde, aos médicos, aos enfermeiros, aos técnicos de diagnóstico, aos técnicos de emergência e aos bombeiros, pois todos bem precisam.

Publicação Anterior

«Temos de verificar se foi possível pôr em prática as medidas de adaptação» para reabrir as creches

Publicação Seguinte

Governo acorda medidas de minimização dos riscos na Linha da Azambuja

Advertisement