Os danos que a internet pode causar nos seus utilizadores.
Tudo aconteceu em setembro de 2020, quando Sara Serqueira de 29 anos, estava a fazer uma viagem de comboio, “levava um vestido verde, era verão, muitos graus e o revisor ficou a olhar para o meu peito durante muito tempo e disse: ‘ainda bem que não está frio, senão as mamocas constipavam-se’. Fui pedir o livro de reclamações e quando vejo que não me pede desculpa, vêm insultos e aí eu comecei a gravar. Só nos conseguimos defender quando temos provas, e o primeiro ato é filmar”, afirma numa entrevista à Rádio Renascença.
Acabou por expor o seu caso nas redes sociais e foi quando começou o ciberbullying, para além de comentários e ameaças, Sara viu também, a nível profissional, trabalhos a serem recusados. Referiu que nunca teve noção da gravidade e do impacto da violência que tinha sido alvo, mas as consequências também se fizeram sentir na vida real. “Só agora percebi que estava com um problema devido a isso, ansiedade. Quando saio à rua, quando visto um decote, fico com o coração acelerado, tenho de pensar três ou quatro vezes antes de vestir uma roupa. ‘Vou-te violar cabra’, lia isso em mensagens, de mulheres a dizerem que são vítimas de violência doméstica por causa de mulheres como eu, porque eles querem mulheres assim e depois batem nelas”, salienta à RR.
Inicialmente, confessa, que “não estava bem em mim” e era à noite que tinha picos de ansiedade e geralmente só conseguia dormir duas horas, “eu tinha-me ido abaixo se não fosse forte”, reformando que ainda hoje não se sente segura em nenhum lado.
Por último, ciente de que há muitas mulheres a passar pelo mesmo, a mesma recorda que, para estes casos existem linhas de apoio como é o exemplo da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) com a LIS (Linha Internet Segura) que funciona todos os dias das 8h às 22h através do número 800 219 090.