O Primeiro-Ministro António Costa e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhados pelo Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, visitaram a fábrica da Autoeuropa, em Palmela, que retomou a produção que tinha sido suspensa a 16 de março.
O Primeiro-Ministro afirmou que, durante a visita, «foi possível verificar, numa grande unidade industrial que tem em cada turno 2300 pessoas, como é possível regressar ao trabalho em segurança, não obstante vivermos na situação de pandemia».
«Hoje, só podemos voltar a trabalhar em condições diferentes, usando máscara, tendo maior distanciamento físico, acesso constante a produtos de desinfeção, mudando de roupa quando regressamos a casa», disse, acrescentando que, contudo, «é possível regressar ao trabalho em segurança», como se viu na Autoeuropa.
No decorrer da visita às instalações foram mostrados os procedimentos de higiene e segurança adotados pela empresa para proteger os seus funcionários da pandemia, e foi feito um teste de condução do modelo T-Roc.
António Costa lembrou que esteve, também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a visitar a empresa a 9 de dezembro de 2016, quando se assinalavam os 25 anos da Autoeuropa.
Nesse momento, «em que o País estava a recuperar de uma crise económica muito profunda, a Autoeuropa deu um sinal de confiança, anunciando que se preparava para lançar um novo modelo, foi muito importante».
Dependência dos fornecedores
O Primeiro-Ministro referiu que, entre fornecedores e produtores, o automóvel é «uma componente muito importante da economia nacional», e «é, talvez, das indústrias em que é mais evidente a dependência das cadeias de valor, de fornecimento».
É ainda, disse, também exemplo «da necessidade de uma retoma à escala global, porque numa economia em que os fornecedores não fornecem componentes, a indústria não pode trabalhar».
António Costa apontou «duas reflexões que a União Europeia tem de fazer» sobre o que esta crise revelou acerca da economia europeia.
A primeira, é que se a União Europeia quer continuar «a ser um centro importante de produção industrial, não pode depender tanto de fornecimento de outros continentes, ou de locais na Europa onde é menor qualidade e segurança institucional».
Pelo contrário, é «necessário concentrar as cadeias de valor entre os países nos quais a qualidade institucional dá segurança e diminui os riscos de rutura».
A segunda, é que «o grande esforço que as empresas industriais estão a fazer, em Portugal, de retomar a produção, está muito dependente da retoma da economia à escala europeia».
O Primeiro-Ministro exemplificou que «99% da produção da Autoeuropa se destina à exportação, pelo que não se trata só de recuperar a economia portuguesa, a recuperação tem de existir em todos os países que absorvem 75% da produção da Autoeuropa (Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido), porque todos dependemos de todos».
«A resposta da União Europeia, por isso, não pode ser à medida de cada país, tem de ser para todos os países, porque ou todos retomam ao mesmo tempo, ou nenhum consegue retomar», sublinhou.
/ GOV / Foto: João Bica