Opinião. Urge “caçar”os poluidores do Nabão

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Duarte Marques “A primeira prioridade do ambiente em Portugal não pode ser outra que não o combate à poluição. O discurso contra as alterações climáticas de nada serve se não se traduzir em ações concretas, em medidas reais pois, na minha humilde opinião, há demasiado discurso para tão pouca ação.”

Nesta minha primeira crónica no TomarTV é inevitável saudar o “regresso” deste projecto, agradecer a oportunidade e sublinhar o meu compromisso de, também aqui, escrever sem qualquer cerimónia. E sem qualquer hesitação é preciso dizer que o que se passa com a poluição no rio Nabão é inaceitável, inacreditável e imperdoável.

De que serve a Portugal e ao Governo português anunciar que é o primeiro país a assumir o compromisso para 2050 para a neutralidade carbónica se o Estado continua a ser displicente com casos de poluição como o que ocorre no Nabão ou aqui bem perto no Almonda ou na Ribeira da Boa Água?  De que serve ao Ministro do Ambiente escrever cartas “apaixonadas” à activista Greta se naquilo que lhe compete e que é da sua responsabilidade não garante nem meios nem recursos às entidades fiscalizadoras como a Agência Portuguesa do Ambiente ou a Inspeção Geral do Ambiente (IGAMAOT) para cumprirem o seu papel?

Tal como no rio Tejo ou no Almonda, aqui no Nabão é recorrente o passa culpas entre empresas, instituições públicas ou autarquias. Nestas matérias, quando a fiscalização ou monitorização não é feita em todo o caudal 24 horas por dia, é fácil para os prevaricadores, os locais ou os que vêm de longe, poluírem e passarem despercebidos. É por isso urgente que a APA, o Ministério de Ambiente e a CM de Tomar façam uma verdadeira auditoria às margens do rio para conseguir perceber qual a verdadeira origem da poluição. A ausência de certezas sobre os verdadeiros poluidores pode prejudicar inocentes e decerto proteger e encobrir os verdadeiros culpados, os prevaricadores e irresponsáveis que colocam em causa um dos mais importantes recursos da região.

A primeira prioridade do ambiente em Portugal não pode ser outra que não o combate à poluição. O discurso contra as alterações climáticas de nada serve se não se traduzir em ações concretas, em medidas reais pois, na minha humilde opinião, há demasiado discurso para tão pouca ação. Há demasiados grupos de trabalho, há demasiada propaganda. Se o PSD sempre foi um partido de carácter ecologista outras juntaram-se agora a esta causa. Deixa por isso de haver desculpas políticas para não fazer do ambiente uma prioridade. Lutar pela bandeira de quem é o partido mais amigo do ambiente é esquecer o essencial. Se somos todos pelo ambiente, porque demoramos tanto a agir? Será porque o nosso ego é maior do que a nossa preocupação pelo ambiente?

Para 2020 desejo a todos muita saúde e que o rio Nabão volte a ser um rio limpo e saudável.”

Duarte Marques

Colunista da Tomar TV

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